Um "novo normal" para todos
Pesquisa avalia saúde mental de profissionais que permaneceram com atividades presenciais durante a pandemia
A análise foi realizada pelo acadêmico de Psicologia Júlio Pereira, que precisou alterar a rotina de estudos e de estágio desde a chegada do coronavírus
A pandemia do novo coronavírus (Covid-19) trouxe muitas mudanças na vida das pessoas e para a maioria das empresas e instituições de ensino, que precisaram se adaptar e adotar novos formatos e medidas de trabalho. Teve quem conseguiu implantar o modelo home office e quem precisou seguir trabalhando sem parar as atividades presenciais, por pertencer ao grupo de serviços essenciais.
O acadêmico de Psicologia da Universidade de Passo Fundo (UPF), Júlio Pereira, que faz estágio no setor de Recursos Humanos da Associação Comercial, Industrial, de Serviços e Agronegócio (Acisa) de Passo Fundo, viu a sua rotina de estudos mudar radicalmente. “Antes da pandemia era uma situação de normalidade, com aulas e estágio presenciais, mas chegou a pandemia e tudo parou. Seguiram somente os serviços essenciais, então foi aí que pensei que como estudante de Psicologia não poderia ficar inerte, precisei me adaptar à esta nova situação”, afirma Júlio.
Buscando analisar a saúde física e mental dos profissionais que permaneceram trabalhando presencialmente durante a pandemia, ele desenvolveu uma Pesquisa de Clima Organizacional com colaboradores do Supermercado Marcolan, associado da Acisa. A pesquisa foi realizada por meio de um questionário online e verificou as preocupações, os receios e sentimentos desses trabalhadores desde a chegada do novo coronavírus.
No mês de novembro, 17 colaboradores, com idades entre 16 e 56 anos, responderam ao questionário. Dos funcionários que participaram, 17,6% disseram que ficam tensos no momento em que estão trabalhando. Já 76,5% não sentem tensão quando estão no trabalho e cerca de 90% se sentem acolhidos no ambiente profissional. Ao serem perguntados sobre o rendimento profissional durante a pandemia, somente 17,6% acredita que o desempenho diminuiu. Mais de 64% dos colaboradores não tiveram problemas emocionais que interferissem na vida pessoal e profissional. Outro dado analisado foi referente à saúde mental de agora comparada com a de um ano atrás. Somente 11,8% percebe ela ruim, 64,7% considera boa e 23,5% afirma estar melhor do que no ano passado.
Sobre o impacto da Covid-19 no círculo familiar e de amigos, apenas 23,5% teve algum parente que testou positivo para o vírus. Já no grupo de amigos, o número sobe para 47,1%. A qualidade do sono nos últimos 5 meses também foi avaliada. Mais de 60% considera boa, 11,8% disse que o sono está ruim e 17,6% não alterou a qualidade do sono nesse período. Em relação ao contexto atual de medidas restritivas e afastamento, 52,9% dos participantes disseram estar preocupados e todos concordaram que é preciso manter o isolamento, evitar aglomerações e seguir com as atividades essenciais.
O proprietário do Supermercado Marcolan, Celso Marcolan, avalia que o bom resultado da pesquisa se deve aos cuidados que foram tomados na empresa desde que iniciou a pandemia. “Estamos tomando todas as providências de protocolos de saúde, álcool gel, máscara e isso foi o que ajudou a manter os cuidados e, consequentemente, nossos colaboradores sentem segurança para trabalhar”, pontua o empresário. “Acho que pesquisas são sempre muito válidas, pois toda informação é importante para a gente ter um caminho a seguir”, avalia.
Mesmo com todas as mudanças para realizar o estágio da disciplina de Psicologia Organizacional e Trabalho II, o acadêmico Júlio Pereira afirma que não teve sentimento de perda de aprendizado durante o período de atividades remotas. “Pelo contrário, aprender em tempos difíceis tem um sabor diferente. É gratificante saber que em meio a tudo isso pude fazer algo”, destaca ele, ao fazer a citação de uma professora. “Ela disse que, se em tempos de pandemia as portas estão fechadas, nós da Psicologia, devemos encontrar uma maneira de bater à essa porta e saber como está esse indivíduo, seja na empresa ou na sua vida pessoal. E assim penso que consegui ver, através da psicologia como ciência, esses indivíduos em singularidade. Usei a tecnologia, afinal ela está aqui para nos ajudar. Agradeço a importância do conhecimento e compreensão da minha supervisora e Professora de Psicologia, Dra. Maria Aparecida Tagliari Estacia”, finaliza o acadêmico.
Publicada em: 04/12/2020, por Assessoria de Imprensa Acisa